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segunda-feira, 2 de março de 2009

Nunca deixe de ir ao Bate-bate


A gente nunca pensa que os sinais da velhice vão chegar e quando menos se espera, somos velhos, fazendo coisas de velhos (assistindo Survivor, jogando bingo, ou dizendo “no meu tempo as coisas eram diferentes...”). Digo isso por experiência própria. Lembro-me, por exemplo, como se fosse ontem do tempo em que tinha um monte de frescuragens em relação à comida (talvez o dilema a seguir não seja tão estranho para você). “Ah não mãe, cebola não! Não quero!”, “Mas filho, o que a cebola fez para que a odeie tanto?”, “Bom...ela faz um barulhinho quando se mastiga!”. É interessante como esse discurso parece tão absurdo quando se envelhece um pouco. Aposto que se você fazia isso, agora não faz cerimônia alguma quando te oferecem uma porção de fígado acebolado casado com uma cervejinha bem gelada. Há outros exemplos gastronômicos: o lendário brócolis, largamente temido quando somos pequenos (afinal de contas, nossa incrível imaginação nos faz o grande favor de transformá-los em terríveis Ents da terra média, loucos para comer nossas vísceras com colheres de chá). Vejam só, crescemos e ele já não é tão assustador, sendo inclusive considerado delicioso, se acompanhado de um franguinho grelhado com arroz branco. E com as bebidas? Sabe a coca-cola que você bebia horrores, sei lá, três, quatro litros em uma única festa? Agora, com um copo e meio você está entupido, com a sensação de que vai explodir ao menor movimento (um tio meu realmente explodiu como se fosse aqueles balões de bala durante uma festa, foi uma lástima). Mas podemos pensar também nos aspectos comportamentais que surgem com a maturidade. Se você leitor for homem, saberá do que estou falando, se for mulher basta prestar a atenção em seu pai, ou qualquer outro homem mais velho por alguns momentos. Os homens quando envelhecem adquirem certas capacidades (e peculiaridades) que antes não possuíam. Observe, por exemplo, seu pai ou irmão mais velho logo após uma farta refeição. Ele pára pra dar aquela assentada na comida em frente à TV e sem querer ou fazer esforço algum (e de forma totalmente irracional) ele dá o que poderíamos chamar de “Tomada de ar”, como se tivesse soluçando, mas de forma estranha. Ele simplesmente captura cerca de 83,75% do oxigênio disponível no recinto (movimento este que emite um som parecido com um “hâaap!”, muito semelhante a um anfíbio se alimentando). Todos os pais fazem isso, mas de modo geral todos os homens, com a chegada de certa idade. Há outra habilidade de pai, que não deixa de ser de homens velhos. Façamos um teste: o que seu pai lhe diz quando você pergunta se pode fazer determinada coisa (exemplos: “pai posso destruir seu carro novo com a enxada do vô?” ou “pai posso pular do terraço com essa asa de pegasus azul que fiz de papel marchê?”)? A resposta é bem clara, ele nem olha pra você e diz “Pergunta sua mãe, se ela deixar...” Além disso, quando um homem torna-se pai, surge milagrosamente uma nova estrutura um tanto primitiva (semelhante a uma cauda enrolada à cintura pélvica) que será uma característica morfológica altamente adotada como meio de retaliação às travessuras de filhos: o temido cinto. É sempre assim, você faz a capetagem que for, mas independentemente de qualquer coisa, se você for punido por isso com uma surra de cinto, você sentirá muito e nunca mais a fará novamente (seqüelas graves ficarão além, é claro, de uma simpática marca eterna em seus glúteos, carinhosamente deixada pela amável fivela do cinto de seu pai). E assim eu poderia ficar horas falando dessas apomorfias de homem velho. Muitas dessas características ou comportamentos surgiram sem que você perceba, mas uma coisa é muito importante. Se você já apresenta alguns desses sinais patológicos, fique calmo e procure seu médico de confiança imediatamente, pois você corre grande risco de estar envelhecendo. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores as chances de o tratamento ser eficaz. (Ah sim, você quer saber sobre o tratamento?!) É bastante simples. A maioria dos especialistas predica duas horas diárias de Donkey Kong, ou uma ida a um parque de diversões a cada seis meses. Mas nunca deixe de ir ao carrinho de bate-bate, isso é essencial para diminuir consideravelmente a concentração de velhice em seu espírito.

Sr. Pepper

6 comentários:

  1. Ora, Sr. Pepper, mais um texto relevante (e.. hmm, nostálgico. Agora sim a descrição de um velho parece lógica :). E, de fato, o fígado, na tenra infância, amedronta a todos, mas na idade madura... Quem resite a um bom fígado acebolado e apimentado?
    Mas sobre a velhice, que ainda se cante a música do famoso seriado de Roberto Bolaños (a.k.a Chaves): "Se você é jovem ainda, jovem ainda/amanhã velho será, velho será, velho será/a menos que o coração sustente/a juventude que nunca morrerá"
    Mais nostálgico que isso, impossível.
    Abraços!

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  2. Meu caro jovem!! Obrigado pelo comentário!!
    Pra você que se delicía com coisas nostálgicas, sugiro a leitura de um dos primeiros textos aki postados (não sei se já o leu):

    http://cyperuapapyrus.blogspot.com/2008/12/algo-de-ns-nostlgico_25.html

    Grande abraço!!

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  3. Iniciei meu tratamento contra velhice aos 15. Nunca deixo de ir aos carrinho de bate-bate quando vou ao parque de diversões.

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  4. Meu caro jovem guri, tenha certeza de que o seu tratamento tem surtido efeito, a jovalidade flui em você de modo muito intenso!

    Grande abraço!!

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  5. Estou certo de que o Sr. Rogério também apresenta esse comportamento.

    Abraço meu caro!

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